TERESINA: PRESOS TENTAM FUGA EM MASSA

Agentes penitenciários e militares abortaram uma tentativa de fuga na Casa de Custódia, na noite de domingo (22). Pelo menos 30 detentos foram flagrados em um túnel com aproximadamente 25 metros de comprimento. A escavação dava acesso à Casa de Albergado. Os presos que tentaram fugir estavam no pavilhão B, onde deveria ter 60 detentos e havia mais de 260 homens. O diretor jurídico do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), Vilobaldo Carvalho, comentou sobre a tentativa de fuga, sobre a superlotação no sistema prisional e a necessidade da realização de concurso público. “Houve essa tentativa de fuga, mas os policiais e agentes conseguiram abortar. Os agentes trabalham firmemente, mas está complicada a situação devido à superlotação no sistema prisional. Se algo ocorrer com a integridade física dos agentes, o governador tem que responder porque a situação é de conhecimento público. Quem está preso quer fugir, mas o Estado tem que manter preso para que a pessoa pague pelo crime. É preciso concurso público para agentes porque a quantidade de presos aumentou, e é preciso que o efetivo atenda essa demanda”, disse o diretor jurídico. A descoberta do buraco ocorreu um dia após a morte do detento José Carlos Pacheco de Araújo, 25 anos. Ele dividia uma das celas do pavilhão H com mais cinco presos. O corpo tinha sinais de enforcamento, mas a suspeita é de assassinato. De acordo com o Sinpoljuspi, a vítima havia sido transferida do interior do Estado para a Capital, em outubro do ano passado, e respondia pelo crime de homicídio. Se confirmado que José Carlos foi assassinado, será o oitavo homicídio registrado no sistema prisional só este ano, sendo seis somente na Casa de Custódia. Há cerca de uma semana um outro detento sofreu tentativa de homicídio no mesmo pavilhão. "No pavilhão H foi registrado, praticamente, as cinco últimas mortes, inclusive essa agora. Apenas uma foi no pavilhão G. O que está acontecendo no pavilhão H para ocorrer tantas mortes? Acreditamos que esses homicídios tenham relação com a falta de vagas, a superlotação. Os detentos estão brigando por falta de espaço. Em uma cela onde era para ter um, dois ou três presos, tem até 35 e qualquer empurrão que ocorra lá dentro já é motivo para assassinarem um deles", reitera vice-presidente do Sinpoljuspi. Recentemente, além da tentativa de homicídio e do caso que ocorreu ontem, detentos provocaram uma rebelião, destruindo parte da estrutura física do presídio, que já apresentava falhas graves.