As balas que romperam a blindagem pesada e mataram o narcotraficante
brasileiro Jorge Rafatt Toumani, conhecido como Rei da Fronteira — nesta
quarta-feira, em Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai que faz
fronteira com o Brasil —, partiram de uma metralhadora de calibre .50. O
armamento bélico, que tem capacidade para abater aeronaves, foi
adaptado para ser usado de dentro de uma Toyota Hilux, numa emboscada
para executar o narcotraficante.
Os relatos de testemunhas aos jornais paraguaios dão conta de que o
tiroteio durou dez minutos e a cena parecia uma guerra. Depois da morte
de Jorge Rafaat, tanques do Exército Brasileiro começaram a circular na
cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com Pedro
Juan Caballero. A imprensa paraguaia chegou a dizer que a fronteira
entre os dois países estava fechada. Houve toque de recolher e as ruas
ficaram completamente vazias.
Condenado pela Justiça Brasileira, o traficante brasileiro estava
dentro de um jipe quando um grupo de homens fortemente armados se
aproximou em dois veículos: uma Toyota Hilux e um Ford 250. Além da
metralhadora antiaérea, que estava instalada no interior da Hilux, o
grupo contava com um fuzil AK 47 e outras metralhadores.
Segundo informações do jornal paraguaio ABC Color, seguranças do
traficante reagiram, mas também foram mortos. Após o crime, houve uma
grande perseguição policial. Sete pessoas teriam ficado feridas,
incluindo um policial identificado como Jorge Espinola. O crime ocorreu
no bairro San Gerardo, região central da cidade, próximo ao mercado
municipal.
Rafaat, que tinha cidadania brasileira, é apontado como um dos principais chefes do narcotráfico na fronteira e tem diversas passagens pela polícia por tráfico de drogas e contrabando. Em 2001, ele e outros homens planejaram um atentado contra agentes federais que faziam ronda na linha de fronteira.
No lado paraguaio, Rafaat era conhecido como um próspero empresário de pneus e vivia livremente. Ele negava os vínculos com o tráfico e dizia ser vítima de perseguição.
Em abril de 2014, juiz federal Odilon de Oliveira condenou o narcotraficante a penas que somam 47 anos de prisão em regime fechado. Ele foi apontado como o chefe da organização criminosa que atuava no narcotráfico na fronteira. A polícia paraguaia ainda não sabe a motivação do crime.