Uma reportagem publicada no jornal norte-americano "New York Times"
nesta terça-feira (5) afirma que o Brasil é o lugar mais perigoso do
mundo para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.
Citando dados do grupo "Gay Bahia", a publicação diz que mais de
1.600 pessoas foram assassinadas no Brasil por motivações homofóbicas
nos últimos quatro anos e meio, dados que representam praticamente uma
morte por dia. Segundo o jornal, esses números contrastam com a "imagem
de uma sociedade tolerante e aberta" de um país que "aparentemente
alimenta expressões de liberdade sexual durante o carnaval e que possui a
maior parada gay do mundo".
Essa reputação não é sem fundamento. "Nas quase três décadas desde
que a democracia tomou o lugar da ditadura militar, o governo brasileiro
introduziu diversas leis e políticas com o objetivo de melhorar a vida
das minorias sexuais", diz o texto.
A reportagem diz que o Brasil foi um dos primeiros países a oferecer
medicamentos antirretrovirais para diagnosticados com HIV, foi pioneiro
na América Latina a reconhecer a união civil de pessoas do mesmo sexo
para fins de imigração e um dos precursores a liberar a adoção de
crianças por casais homoafetivos.
O ponto é que as tradições sociais de alguns grupos não caminharam no
mesmo ritmo desde avanços. A publicação relaciona a violência contra
gays com a cultura machista que ainda há na sociedade brasileira e com o
crescimento de alas evangélicas mais conservadoras, que se opões ao
público LGBT.
Segundo o cientista político Javier Corrales, ouvido pela reportagem,
os brasileiros até estariam mais tolerantes. O problema é que aqueles
que se mantêm intolerantes estariam "desenvolvendo novas estratégias e
um discurso mais virulento para barrar o progresso nessas questões",
afirmou.