Muita gente ainda tem a ideia de que intercâmbio é coisa só para
jovens. Só eles teriam o pique para viajar e estudar uma língua
diferente, certo? Errado.
É o caso de Areolina Araújo, de 82
anos, moradora de Belo Horizonte (MG). Ela já fez cinco intercâmbios, em
vários locais do mundo, e todos eles foram feitos já na terceira
idade-- isso sem contar outras tantas viagens feitas apenas como
turista.
"Achei o intercâmbio a maneira mais prática, agradável e
econômica de se viajar. E de quebra você ainda aprende uma língua
estrangeira", afirmou. "O hotel é a maior solidão. Ninguém te conhece.
Como intercambista, você fica em uma casa de família, com quarto
próprio, banho quente, café da manhã e jantar. É como ficar
acompanhado", completou.
No fim dos anos 90, Areolina fez seu
primeiro intercâmbio, quando foi para Toronto, no Canadá. Na segunda
vez, viajou para Nova York. Foi ainda para a Roma, na Itália, voltou
para Nova York, há dois anos, e, há poucos dias, voltou de Vancouver, no
Canadá. A estudante da terceira idade sempre opta por ficar oito
semanas e viver em uma casa de família.
"Neste ano, quis voltar para o Canadá. Peguei o mapa para escolher o
lugar e vi Vancouver. Como era perto do Pacífico, e eu ainda não
conhecia este oceano, quis ir para lá. Achei a cidade lindíssima e
estudei em uma escola excelente. Vancouver tem um mar maravilhoso, com
barcos e do outro lado da cidade estão as montanhas coroadas de gelo.
Uma coisa linda", contou.
Para ir a Vancouver, Areolina optou
por um intercâmbio voltado para pessoas com mais de 50 anos, na Canadá
Intercâmbio. Nesta modalidade, os alunos tem apenas 3 horas e meia de
aula para poder, também, fazer turismo.
"Nesta altura do
campeonato, se eu aprender, está ótimo, se não aprender, tá bom também",
brincou. "Todo dia depois da aula, eu visito os lugares que eu quero a
pé. Converso com as pessoas e faço amizades", completou.
Claro
que não é muito comum encontrar outros idosos nos intercâmbios. Mas,
Areolina tira de letra o convívio com os mais jovens. O segredo, segundo
ela, é não ficar dando conselhos a eles.
"Os jovens me chamavam
até para a balada, mas eu não tenho esse hábito de sair de noite. Eu
chego em casa às 19h e não saio mais. Em Nova York, por exemplo,
costumava ir à missa das 18h. E em Roma, ficava conversando com a dona
da casa onde morei, uma senhora que foi casada com um cônsul", lembrou.
Quando era mais jovem, Areolina não tinha muito costume de viajar.
Trabalhou como secretária e como professora até os 54 anos, quando se
aposentou. Só depois disso, com seus três filhos já criados, começou a
viajar.
Agora, com 82 anos, já pensa em fazer outra viagem em um
futuro próximo. Aliás, para Areolina, fazer intercâmbio na terceira
idade não é algo para se admirar e sim para se copiar.
"Se você
tem saúde, dinheiro e coragem fazer intercâmbio, é uma boa ideia que
prova que, mesmo na terceira idade, está valendo a pena viver", disse. (Uol)