O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 termina com um índice
de 30% de abstenção de candidatos, a porcentagem é a maior desde 2009.
Do total de aproximadamente 8,4 milhões que poderiam fazer o exame neste
final de semana, 5,8 milhões compareceram às provas. No ano passado, as
abstenções foram de 27,6%, de acordo com balanço geral divulgado neste
domingo, 6, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep).
Segundo a secretária Executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de
Castro, a variação em relação a anos anteriores foi mínima e a pasta
considera que as abstenções se mantiveram constantes.
Do total de mais de 8,6 milhões de candidatos inscritos no exame,
271.033 tiveram as provas adiadas para os dias 3 e 4 de dezembro, em
função das ocupações das escolas por todo o país. Segundo o Inep, dos
8.356.215 candidatos que poderiam fazer a prova neste final de semana,
5.848.619 fizeram o exame. O Amazonas foi o estado com a maior
porcentagem de abstenções, 37,4% dos inscritos. Já o Piauí teve a menor
taxa de abstenção, com 22,7%.
“Eu acho que diante do quadro que nós acompanhamos nos últimos dias e
semanas, diria que foi um sucesso absoluto o Enem 2016”, disse o
ministro da Educação, Mendonça Filho. “Conseguimos fazer com que 97% dos
candidatos tivessem condições de participar do Enem. Três porcento
terão que fazer o exame em dezembro, que foi a solução mais segura
adotada pelo MEC”, acrescentou.
O ministro da Educação estima que o adiamento das provas para parte
dos candidatos deverá custar cerca de R$ 15 milhões. O Inep vai reciclar
as provas que foram impressas e não foram aplicadas neste final de
semana e usará o material para a confecção da nova leva de exames.
Eliminações
Nos dois dias de aplicação, 768 candidatos foram eliminados do exame:
641 por descumprimento das regras do edital, 120 por portar objetos
eletrônicos identificados por meio de uso de detectores de metal e sete
por recusa de coleta de dado biométrico – esta foi a primeira vez que o
Enem recolheu as digitais dos candidatos. O número de eliminações é
maior que o de 2015 (740), mas inferior ao de 2014 (1.519) e de 2013
(1.522).
O exame registrou ainda 27 ocorrências, sendo 22 de falta de energia e
cinco emergências médicas. De acordo com a presidente do Inep, Maria
Inês Fini, a falta de luz não prejudicou a aplicação das provas para os
estudantes que estavam nesses locais.
Prisões
Operações da Polícia Federal para combater fraudes no Enem resultaram
na prisão preventiva de 11 pessoas neste domingo, segundo o chefe da
Divisão de Polícia Fazendária da PF, Franco Perazzoni. Cinco foram
presas com mandatos de prisão e outras seis em flagrante. Todas elas
estavam com escutas nos locais de prova. “Algumas escutas eram tão
pequenas que tiveram que ser retiradas com pinças com ímãs na ponta”,
disse.
A PF deflagrou ontem duas operações para combater fraudes no Enem.
Segundo o delegado, as investigações já vem sendo feitas junto ao Inep e
as ações foram possíveis com cruzamentos de dados dos gabaritos e dos
inscritos. Ele explica que há principalmente dois tipos de fraudes:
aquelas em que especialistas contratados fazem a prova no lugar de
candidatos para garantir uma boa nota e aquelas nas quais os gabaritos
são transmitidos por escutas via celular para os candidatos. Os preços
pagos pelos inscritos variam de R$ 40 mil até R$ 200 mil, quando a prova
é feita por outra pessoa.
O delegado defende que o sistema de verificação biométrica implantado
neste ano deverá garantir maior segurança ao Enem. As investigações
constataram possibilidade de fraudes terem sido feitas em edições
anteriores do exame.”A operação ainda está em curso, estamos ouvindo
pessoas, há a investigação dos gabaritos anteriores”, disse o delegado.
Taxa de Abstenção
Confira os índices de abstenção das provas do Enem registrados nas últimas edições, desde 2009:
2009 – 37,7%
2010 – 28,8%
2011 – 26,4%
2012 – 27,9%
2013 – 29,7%
2014 – 28,9%
2015 – 27,6%
2016 – 30%
2010 – 28,8%
2011 – 26,4%
2012 – 27,9%
2013 – 29,7%
2014 – 28,9%
2015 – 27,6%
2016 – 30%