Casa para acolher LGBTs discriminados pela família é inaugurada em SP

 

Instituição foi criada a partir de financiamento coletivo e será mantida por voluntários.

A Casa 1 foi inaugurada na Bela Vista, centro de São Paulo, graças a iniciativa do jornalista e militante LGBT Iran Giusti, de 27 anos.
Ele teve a ideia de criar o espaço depois que conheceu Otávio Salles, de 23 anos, em Belo Horizonte (MG). Otávio teve todas as roupas cortadas pelo irmão e levou um soco do tio. “Ele disse: Boiola merece morrer. Falou que se me pegasse iria me matar de porrada. Esconderam os meus documentos para evitar que eu fosse até a delegacia, mas consegui achar a minha certidão de nascimento e fui denunciar. Tive que ensinar para o policial como se escrevia homofobia. Ele não sabia como se escrevia a palavra”, contou.

Foi quando conheceu Iran, que o chamou para morar no apartamento dele, na capital paulista. Ao ouvir o relato de Otávio, Iran resolveu abrir as portas da propria casa. “Fiz um post no Facebook que foi compartilhado por duas mil pessoas. Recebi em poucos dias quase 50 solicitações de abrigo. Mas a minha casa era um quarto e uma sala. Pensei que precisava fazer algo maior”, afirma Iran.


Assim nasceu a Casa 1, república de acolhimento e centro cultural. O nome, segundo Iran, é para dar ideia de começo. Já a reforma do sobrado foi possível graças a um financiamento coletivo, em um mês e meio, o projeto arrecadou R$ 112 mil, oferecendo aos 1.048 colaboradores recompensas como a inscrição do nome dos participantes na parede externa da Casa e 32 opções de palestras, workshops e cursos.
Quase toda a mobília e eletrodomésticos foram doados por voluntários. Já o café da manhã, almoço e o jantar, além das contas, não estavam inclusos no projeto de financiamento e são pagos do próprio bolso de Giusti. O próximo passo é conseguir patrocínios para bancar os gastos.


Para ser morador da Casa 1, é preciso ter mais de 18 anos e ter sido expulso de casa por ser LGBT, ou estar em situações extremas de violência psicológica. Não há custo ou diária. Com 32 voluntários e uma fila de 400 pessoas interessadas em contribuir, o espaço oferece apoio psicológico e médico.
Segundo Iran, o lugar será mantido por atividades culturais que serão oferecidas no salão da Casa.